Muito mais do que uma vontade incomum de ir ao banheiro, a cistite intersticial é caracterizada por uma dor crônica, que piora quando a bexiga está cheia e melhora após a micção. Muito semelhante à cistite bacteriana, com a diferença de que, na Síndrome da Bexiga Dolorosa, não ocorre ardor ao urinar. Pouco conhecida, a doença é crônica e compromete a qualidade de vida, a saúde, o lado psicológico e o comportamento social dos pacientes. Uma citação no site da Harvard Health Publications, da Escola de Medicina de Harvard, sugere que a cistite intersticial apresenta um impacto na qualidade de vida semelhante ao do paciente com dor crônica devido ao câncer ou submetido a tratamento de diálise renal.
Ainda hoje, a cistite intersticial só é confirmada pela metodologia do diagnóstico diferencial, através da exclusão sistemática de problemas semelhantes. Isso faz com que um diagnóstico preciso demore até dez anos para ser realizado.
No Brasil, ainda não existem dados oficiais disponíveis sobre a incidência da Síndrome da Bexiga Dolorosa e as informações utilizadas pelos médicos são provenientes de outros países. De acordo com o Dr. Paulo Palma, professor titular de Urologia da Unicamp e ex-diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), os pacientes que sofrem da síndrome procuram, em média, cinco médicos antes de receberem o diagnóstico correto.
“Muitas pessoas podem ter a Síndrome da Bexiga Dolorosa e receber um tratamento para doenças parecidas”, revela Palma, também ex-presidente acadêmico da Confederação Americana de Urologia (CAU). “Esse é um problema grave de saúde pública, que debilita muito. Estima-se que 50% dos indivíduos afetados não são capazes de trabalhar normalmente”.
Sintomas e Causas
Devido à constante dor e necessidade de urinar, a Síndrome da Bexiga Dolorosa impacta negativamente a qualidade de vida dos pacientes, além de acarretar outros problemas emocionais e de relacionamento. Dr. Palma explica que os principais sintomas dessa doença são dor pélvica e vesical (na bexiga), desconforto suprapúbico e noctúria (excesso de urina à noite), ocorrendo de modo cíclico ou crônico.
“A Síndrome da Bexiga Dolorosa é definida como uma dor suprapúbica, acompanhada de outros sintomas. Diferentemente de uma bexiga normal, cuja camada epitelial é impermeável às substâncias nocivas presentes na urina, a bexiga com cistite intersticial permite a passagem de toxinas e substâncias nocivas. Consequentemente, a camada protetora da bexiga vai sendo, gradativamente, degenerada”, aponta o médico.
O especialista explica que as causas da Síndrome da Bexiga Dolorosa não são completamente conhecidas. Estudos demonstram que não há um único fator desencadeante dessa doença e diversos fatores isolados ou associados podem ser responsáveis pelos sintomas. Acredita-se que essa deficiência pode ser gerada por alterações neurológicas, psicológicas, autoimunes, hormonais e até por infecções urinárias. Uma deficiência nos componentes da camada protetora da bexiga é apontada como um dos principais fatores desencadeantes. Exposição prolongada ao frio e ingestão elevada de café também são fatores consideráveis.
Diagnóstico
Até o momento, não existe um teste específico para detectar a doença. O exame de citoscopia (observação da bexiga por um fino tubo com uma câmera) é realizado sob anestesia. Entretanto, o diagnóstico é feito por exclusão, com rigorosos critérios. Segundo o Dr. Paulo Palma, “a única maneira de se fazer o diagnóstico diferencial entre a cistite bacteriana e a cistite intersticial é o quadro da urocultura negativa, e, além disso, um exame físico”.
Tratamento
Segundo Dr. Palma, a cistite intersticial vem sendo recentemente pesquisada e tratada de maneira adequada. O tratamento para a Síndrome da Bexiga Dolorosa compreende mudanças comportamentais, como controle do estresse, prática de exercícios físicos e diminuição do consumo de cafeína, álcool e alimentos ácidos e condimentados, além do uso de medicamento e, excepcionalmente, a realização de intervenções cirúrgicas.
Com relação à utilização de remédios, a EMS, por meio da divisão EMS Hospitalar, é o único laboratório no Brasil que possui um medicamento intravesical para o controle dessa deficiência da camada protetora da bexiga. “É o que nós chamamos de terapia de reposição da camada de muco dentro da bexiga, à base de ácido hialurônico, que é injetada dentro da bexiga uma vez por semana, por um período de oito semanas”, explica o especialista. A substância, conhecida como barreira de Glucosaminoglicanas (GAG), é um agente que restaura a camada prejudicada e regenera o epitélio vesical, recuperando a propriedade de proteção contra toxinas. Esse medicamento causa menos efeitos colaterais por agir diretamente na bexiga.
A EMS Hospitalar é pioneira no fomento deste tema. Com o objetivo de ajudar na detecção dos sinais da doença, a divisão da EMS acaba de lançar o primeiro site especializado sobre cistite intersticial no Brasil: www.cistiteintersticial.com.br. O portal traz informações destinadas a dois públicos distintos: pacientes e profissionais de saúde, como médicos e farmacêuticos. Constantemente, a divisão EMS Hospitalar também promove uma série de debates sobre a Síndrome da Bexiga Dolorosa, envolvendo especialistas como ginecologistas e urologistas brasileiros e autoridades no assunto em outros países. O objetivo, com as iniciativas, é principalmente auxiliar os médicos na identificação dessa patologia.
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