Com a vida moderna as famílias se planejam para terem filhos cada vez mais tarde, muitas vezes devido ao trabalho ou diversas outras questões. Neste quesito, a medicina também evoluiu no critério sobre a idade ideal para engravidar; em meados da década de 60, considerava-se ideal a faixa entre 18 e 25 anos.

De acordo com a médica obstetra, responsável por gestantes com idade avançada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, doutora Tânia Regina Schupp Machado, antigamente quando a gestação era realizada após os 25 anos, era considerada primigesta idosa.

A idade ideal

Atualmente, a idade "ideal" para a primeira gravidez começa nos 20 e vai até os 30 anos. Obviamente mais de três décadas se passaram e o universo feminino teve muitas mudanças, como por exemplo no aprimoramento dos métodos anticoncepcionais e toda orientação médica para definir o momento mais oportuno para engravidar.

Antigamente, a expectativa de vida era menor (45 - 50 anos) e as famílias eram constituídas mais cedo. Nos dias de hoje, a expectativa de vida é maior (90 anos) e com o avanço da medicina, a gravidez aos 30 anos não oferece tantos riscos à saúde da mulher e do feto.

O principal problema de adiar por muito tempo a gestação é a dificuldade de conseguir engravidar; com o decorrer da vida o corpo feminino acompanha as mudanças naturais (que começam a ocorrem a partir dos 25 anos), como a fertilidade que tem declínio importante depois dos 35 anos.

Riscos e cuidados

Após os 30 anos, a mulher tem menos óvulos e pode apresentar menos fertilidade. Tânia complementa ainda que um dos maiores problemas da gestação na idade avançada seria a probabilidade de conceber um filho com Síndrome de Down, que é de um em cada 300 casos.

Durante esta gestação, as chances de desenvolver hipertensão, diabetes ou outras doenças é maior, justamente porque muitas mulheres apenas procuram o médico para acompanharem a gestação e muitas não fizeram acompanhamento regular anteriormente.

Por isso, a mulher que decide engravidar com mais de 35 anos deve ter precauções maiores, o ideal é realizar o pré-natal antes da concepção e é extremamente importante o acompanhamento médico antes de engravidar, para realizarem exames de rotina, avaliação clínica e a recomendação de suplemento de ácido fólico (vitamina do complexo B) utilizado para diminuirem o risco de malformação do sistema nervoso central do bebê.

Com relação ao parto, o número de cesáreas é maior que de partos normais no país e nos caso da gravidez após os 35 anos, por conta das dores e pelo tempo do parto normal, a mulher opta pela cesárea, porém não existe contraindicação para parto normal.

Rotina

Por se tratar de uma gravidez considerada de risco, a gestante deve tomar mais cuidado como todos os meses: realizar exame de glicemia para verificar o nível de açúcar no sangue, depois com 28 semanas, realizar teste de tolerância à glicose. O controle da pressão também deve ser tratado com muita atenção e realizado com frequência.

A partir do sétimo e oitavo mês, as consultas ao médico devem ser quinzenais e daí em diante, até a hora do parto, semanais. No caso de apresentar um quadro de diabetes ou hipertensão, a gestante deve acompanhar e controlar com regularidade.

Diminuir o ritmo das atividades do dia a dia também é importante, pois a agitação pode reduzir a quantidade de líquido em volta do feto. "Minha principal orientação às novas mães é que a gestação depois dos 35 anos será normal e o bebê saudável, mas é preciso manter a saúde em dia e o cuidado constante", conclui Tânia. A tendência é que cada vez mais as mulheres engravidarão mais tarde, por isso pesquisas e estudos da medicina sobre a idade são constantemente revistos.