O conceito de qualidade de vida é amplo, uma vez que diversos fatores podem influenciar o estado de saúde de uma pessoa. 

Atualmente o conceito de beleza e estética vai além dos limites do organismo, e justamente por isso algumas mulheres se aventuram na busca de um corpo perfeito, se espelhando em modelos impostos pelas propagandas, porque para muitas mulheres, estar bem é estar magra. No entanto, este culto a beleza perfeita é preocupante e segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 77% das jovens entrevistadas apresentam propensão a desenvolverem algum tipo de distúrbio alimentar, como: anorexia, bulimia ou compulsão por comer.

A pesquisa ainda revelou que 85% acreditam que existe um padrão de beleza imposto pela sociedade, 46% afirmam que mulheres magras são mais felizes e quase 60% relatam que gostariam de acordar magra. Nesta amostragem, 39% estava acima do peso e 63% afirmam consumir comidas ricas em gordura saturada, ao menos uma vez por semana. Estes dados foram coletados a partir da entrevista com 150 pacientes, entre 10 e 24 anos, atendidas no ambulatório de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, localizado na capital paulista.

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Saúde do Adolescente, Albertina Duarte Takiuti, os dados coletados são preocupantes, pois revelam uma alta porcentagem de jovens com propensão a distúrbios alimentares. Alerta ainda que os pais e familiares precisam ficar atentos aos sinais. Pois o principal comportamento é a obsessão pela forma física e a consequente distorção da auto imagem.

Em 2013, a cada dois dias, uma pessoa foi internada por anorexia ou bulimia nos hospitais que atendem pelo SUS (estado de São Paulo), totalizando no primeiro semestre, 97 internações. Os chamados transtornos alimentares como anorexia nervosa e bulimia nervosa afetam principalmente mulheres jovens, e o risco de desenvolvê-los é maior nas profissões de atletas, bailarinas e modelos.

A bulimia é um distúrbio caracterizado pela ingestão de grande quantidades de alimentos com alto teor calórico, seguido de indução de vômitos, uso de laxativos ou jejum prolongado. As mulheres com bulimia geralmente seguem dietas rigorosas e em determinado momento, perdem o controle ao consumirem alimentos fora da dieta e automaticamente são tomadas por sentimentos de remorso.

O diagnóstico da doença pode ser demorado, uma vez que os sintomas não são evidentes, desta forma a mulher só é classificada como portadora de bulimia nervosa, se apresentar dois episódios por semana de ingestão descontrolada de alimentos, durante três meses. Seu tratamento exige acompanhamento médico constante de uma equipe composta por nutricionista, psicólogo e psiquiatra junto de antidepressivos. Estudos apontam que a terapia auxilia o paciente na conscientização e na melhora do quadro.

Outro distúrbio é a anorexia nervosa e o que a difere da bulimia é o consequente estado de extrema desnutrição, típico de pacientes anoréxicos. Esta patologia é resultante da preocupação demasiada com o peso, podendo provocar problemas psiquiátricos preocupantes. Embora a aparência física da mulher anoréxica esteja magra, ao se olhar no espelho ela enxerga que está gorda, a partir disso, sente medo de eganhar mais peso, fazendo jejum, induzindo o vômito e ingerindo medicamentos sem prescrição médica. A taxa de mortalidade pode chegar a 20% dos casos, pois os portadores alcançam um grau extremo da desnutrição rapidamente.

Por fim, ainda não são conhecidos métodos eficazes para prevenção destas patologias, por isso todo esforço e empenho da sociedade para mudar os padrões estéticos pode trazer muitos benefícios à saúde de toda população, bem como as jovens investirem na auto estima. O ideal é manter o equilíbrio, sem abrir mão da vaidade, mas sempre com atenção: se cuidar e manter uma rotina de atividades físicas com alimentação regular é a regra para estar sempre com a saúde em dia!