A obesidade é um mal crônico que torna o nosso organismo um palco propício para o surgimento de novas doenças, em sua maioria, bastante graves. Ingenuamente, as pessoas tendem a achar que as mazelas relacionadas ao excesso de peso se limitam aos problemas cardiovasculares, ou seja, doenças que envolvem o coração e o sistema circulatório.

Os prejuízos na saúde, no entanto, podem ser muito mais sérios. Para se ter uma ideia, eles começam na região da boca. É comum que o obeso mastigue pouco. A ânsia pela comida faz com que essa pessoa ingira pedaços maiores do que seu estômago pode digerir satisfatoriamente, e nessa mastigação equivocada, o obeso subverte o processo natural de ativação dos cinco sentidos do corpo.

Esse processo interfere na sensação de saciedade do estômago, que passa a se dar por satisfeito apenas depois do desconforto causado pelo excesso de alimentos. A quantidade exagerada de alimento ingerido acumula mais gordura do que o necessário em diversas partes do corpo. Uma delas são os órgãos, como o fígado, por exemplo. A gordura acumulada acaba atrapalhando funções essenciais na fabricação, transformação e eliminação metabólica. Isso pode acarretar na alteração do funcionamento de proteínas e dos medicamentos ingeridos durante um dia. E mais do que isso, uma lesão no próprio fígado pode levar à cirrose ou, em extremos, à morte. Os pulmões também são bastante afetados pela obesidade. Em sua atividade natural, o órgão abre e fecha, inspirando oxigênio e expirando gás carbônico.

Por conta do peso elevado, o indicado seria o organismo da pessoa obesa ampliar a capacidade de entrada e saída dos gases, mas não é isso que acontece. O organismo acaba transportando a mesma quantidade de oxigênio e gás carbônico sem alterações. É por isso que obesos se cansam mais rápido em atividades físicas. O excesso de peso ainda força algumas articulações como coluna, bacia, joelhos e calcanhares, as deixando mais sobrecarregadas. Desta forma, é muito comum o obeso sofrer lesões mais graves do que as pessoas que possuem peso dentro dos padrões. A hérnia de disco, por exemplo, é um dos problemas mais comuns - além de dores nas costas e até mesmo claudicação, uma espécie de câimbra nas pernas. E há problemas ainda mais graves, envolvendo os órgãos sexuais.

A obesidade é um dos fatores que pode levar à impotência e ao câncer de próstata no caso dos homens. Já nas mulheres, o excesso de peso pode influir diretamente na fertilidade e aumentar as chances de alguns tipos de cânceres, como de mama, cólon e útero. A todo esse repertório, podemos também acrescentar alguns problemas psicológicos como depressão, bulimia, isolamento e a síndrome do comer compulsivo. O cenário é tão grave que uma pesquisa elaborada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) constatou que o tratamento de doenças relacionadas à obesidade e ao sobrepeso custam R$ 3,7 bilhões por ano aos cofres públicos.

O levantamento foi realizado com base em atendimentos de ambulatório e internações realizadas através do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora seja uma condição clínica individual, a obesidade é - cada vez mais - tratada como um crescente problema de saúde pública, e por isso seu tratamento é extremamente importante. Fique atento.