Um Implante Contra Depressão
23/05/2014
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O núcleo de neurociência do Hospital do Coração (HCor) em São Paulo, HCor Neuro, realizou uma cirurgia que garante um grande avanço na medicina do tratamento da depressão. Foi o primeiro procedimento testado no Brasil, cuja técnica utilizou eletrodos implantados sob a pele para estimulação elétrica, que deve funcionar no nervo ligado ao cérebro.

O implante foi no nervo trigêmeo do cérebro de uma paciente com quadro de depressão moderada refratária.

 

Pesquisa e estudos

Em outra cirurgia, o HCor Neuro realizou um procedimento envolvendo o uso de marca-passo cerebral em um paciente com obesidade mórbida, o qual teve o equipamento implantado para investigar a eficácia da estimulação elétrica do cérebro contra o excesso de peso. O resultado esperado é que o método estimule o gasto calórico em repouso. 

A aplicação da técnica no estudo da depressão se baseou em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, na qual pacientes com epilepsia receberam estímulos elétricos exatamente no nervo trigêmeo e os resultados foram positivos com expressiva melhora do quadro depressivo.

 

Para entender a depressão

A depressão é uma doença que apresenta sintomas como alterações do sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, entre outros. Se caracteriza pela incapacidade de sentir prazer e relacionar o sentimento com a situação em que se vive.

Este quadro atinge 17% da população mundial e no Brasil a depressão é tratada como uma doença grave, que afeta 36 milhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo todo 25% das mulheres contra 15% dos homens poderão sofrer com o problema. Dados apontam ainda que no ano de 2020, será tão comum quanto a dor nas costas.

 

Resultados positivos

A coordenadora do HCor Neuro, neurocirurgiã Doutora Alessandra Gorgulho explica que já existem outros estudos realizados com estimulação do nervo através de eletrodos, mas com o implante a expectativa é de que a adesão ao tratamento seja maior, afirma.

O nervo trigêmeo está localizado na altura das sobrancelhas e é um importante canal de acesso ao cérebro. Através dele, o estímulo poderá ajudar a modular funções do cérebro, as quais em pacientes com quadro depressivo permanecem fora do padrão ideal.

O estudo completo tem previsão para durar um ano e será realizado com 20 pacientes cujo quadro de depressão é moderada refratária, o que significa que não responderam ao tratamento com terapia e medicamento. De qualquer forma, os tratamentos serão mantidos durante a realização da pesquisa como medida de controle. A pesquisa ainda demandará muito estudo, mas os médicos estão confiantes de que esse é certamente um grande passo, na busca por novas alternativas para tratar a depressão.